26 de set. de 2007

Educação, trabalho e migração interior-capital:ressignificação de saber

INTRODUÇÃO

Motivação e curiosidade, esvaziamento, conflito, expectativa de compreender fenômenos presentes nos recortes cotidianos da pesquisa social, demarcaram o campo investigativo deste trabalho. Os óculos acadêmicos desvendaram a busca, enquanto processo semântico/hermenêutico de construção/descontração de elementos do imaginário caboclo, visto que este articula pensar e sentir para um fazer humano, porquanto, nenhuma sociedade sobrevive sem produzir.

Assim iniciou a construção do trabalho dissertativo na expectativa de elucidar, no campo das ciências sociais, a partir do Programa de Mestrado em Educação da Universidade Federal do Amazonas e do Grupo de Pesquisa: Processos Educativos e Identidades Amazônicas, categorias que pudessem confirmar ou contestar a permanência do saber caboclo, daquele homem que migrou para Manaus nos últimos trinta anos, valendo-se do seguinte procedimento:

Objetivo geral

Analisar os motivos da migração interior-capital nos últimos trintas anos por meio da comunidade Coroado II, Zona Leste de Manaus, observando o sombreamento de suas culturas no contexto social vivido.

Objetivos específicos

  1. Identificar os motivos da migração interior-capital nos últimos trinta anos com apoio dos sujeitos sociais da pesquisa;
  2. Identificar e analisar a cultura de saberes no convívio com a população campo;
  3. Verificar e analisar a participação da escola como veículo de [re] significação do saber pensar, saber sentir e saber fazer dos sujeitos da pesquisa;

Foi necessário levantar indagações que norteassem o trabalho: A migração interior-capital se refere à falta de infra-estrutura? A escola leva em conta a cultura de saberes de seus estudantes migrantes?

Partindo das premissas e tomando como base as ciências humanas, destacamos a importância de desvendar questões pertinentes à cultura da Amazônia para posterior ressignificação. Esquadrinharmos as questões culturais diligentemente, observando a complexidade do papel da sociedade da educação comprometida com o saber integral do indivíduo.

Prosseguimos com a pesquisa de campo anotando e analisando diversidade e universalidade da cultura cabocla, procurando agir com ética, sobretudo quando parafraseávamos autores que dizem ser esta o elo recursivo no qual o saber é resultado da realidade que comporta significação por si própria, independentemente da relação que se origina na dimensão cognitiva em que as percepções caracterizam as representações simbólicas das práticas cotidianas.

Esta particularidade consolidou a prática investigativa, distinguindo um bairro erigido sob o signo das invasões, adotado por migrantes interior-capital, que sustentaram o debate entre interlocutores na arte de entender e interpretar signos e símbolos presentes nas ações da comunidade. Sendo aquela cultura vista como instrumento educativo que se une a escola, reviu projetos pedagógicos, filosóficos e culturais afirmando a necessidade de adequação à realidade cotidiana, ajustando assim, as relações universais existentes no campo de pesquisa como forma de estabelecer o veio do trabalho.

O capitulo 1 caminhou com teóricos que historiaram a categoria cabocla, o processo migratório, a cultura cotidiana e a visão de mundo presente nas várias formas de linguagens na expectativa de entender, conhecer e refletir culturas naturais do homem da Amazônia.

No capítulo 2 está o cenário construído historicamente de relações recorrentes dos últimos séculos, a partir da queda da borracha, marco de grandes fluxos migratórios para Amazônia.

O capitulo 3 trata da metodologia, se valendo da pesquisa qualitativa, acreditando que nela estão as possíveis saídas às indagações feitas durante a pesquisa de campo.

Apresentamos algumas reflexões e encaminhamentos que retomam as questões geradoras deste estudo construído nos últimos vinte e quatro meses, de convívio com um mundo real e imaginário que conduziu e materializou o intento, com esforço, dedicação e fé pois “Nele somos mais que vencedores”.

Dissertação de Mestrado.PPGE/FACED/UFAM
Maria do P. Socorro Nóbrega Ribeiro
Contato: mnobrega@uea.edu.br